Com o envelhecimento da população, a suplementação vitamínico-mineral se tornou uma prática cada vez mais comum. No entanto, é importante considerar algumas questões antes de iniciar o uso desses suplementos, especialmente para o público acima de 60 anos.
A primeira e mais importante consideração é a avaliação médica prévia. Antes de começar a suplementação, é importante realizar uma avaliação clínica e laboratorial para identificar as necessidades individuais de cada pessoa. O excesso de vitaminas e minerais pode ser prejudicial à saúde, por isso é importante que a suplementação seja feita de forma individualizada.
Outra questão importante é a escolha dos nutrientes e das dosagens adequadas. Existem diferentes tipos de suplementos vitamínicos e minerais, com diferentes formulações e dosagens. É importante escolher um suplemento que seja adequado às necessidades individuais, levando em consideração fatores como idade, sexo, condições de saúde e dieta.
Além disso, é importante escolher um fabricante confiável e que tenha seus produtos regularizados junto aos órgãos competentes. Os suplementos vitamínicos e minerais não são regulamentados da mesma forma que os medicamentos, o que pode levar à venda de produtos de qualidade duvidosa. Por isso, é importante escolher um fabricante que siga boas práticas de fabricação e tenha seus produtos regularizados junto à Anvisa.
Por fim, é importante lembrar que a suplementação vitamínico-mineral deve ser complementar à dieta e não substituir uma alimentação equilibrada e saudável. Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes e alimentos integrais pode fornecer a maioria dos nutrientes necessários para uma boa saúde. A suplementação deve ser vista como um complemento, não como uma solução única.
A suplementação vitamínico-mineral pode trazer benefícios para a saúde, desde que seja feita de forma individualizada, com a escolha adequada de nutrientes e dosagens, e com produtos de qualidade de fabricantes confiáveis. É importante sempre lembrar que a suplementação deve ser complementar a uma dieta equilibrada e saudável, e nunca substituí-la.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com 60 anos ou mais crescerá em mais de 300%, chegando a quase 2 bilhões em 2051 sendo o equivalente à um quinto da população mundial. No Brasil, o Ministério da Saúde indica que desde 2016 temos a quinta maior população idosa do mundo e, em 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos. Não é exagero, a proporção de idosos vai triplicar nos próximos 40 anos e o mercado pede um olhar direcionado para esse grupo populacional. Algumas alterações fisiológicas ocorrem com o envelhecimento, dentre as principais mudanças, a diminuição da água corporal repercute de maneira importante no estado nutricional do indivíduo e em parâmetros que são utilizados frequentemente na avaliação nutricional. Além disso, também há redução de 20% a 30% da massa muscular (sarcopenia) e da massa óssea (osteopenia), causada pelas alterações neuroendócrinas e inatividade física.
Osteopenia
Por se tratar de uma condição que antecede a osteoporose, a osteopenia é silenciosa e não apresenta sintomas sensíveis para despertar interesse para suplementação. Entretanto, pessoas que estão entrando na faixa etária dos 60 anos devem ficar atentas com o consumo de alguns nutrientes:
Cálcio – Desempenha um papel fundamental na manutenção de ossos saudáveis. Cerca de 99% do cálcio no nosso organismo encontra-se nos ossos e nos dentes, sendo que o restante circula no sangue. O cálcio é igualmente fundamental para a manutenção de várias funções no organismo, incluindo a contração muscular, a coagulação sanguínea, a transmissão de impulsos nervosos e a síntese de hormonais.
Vitamina D – Assim como o cálcio, a vitamina D é igualmente essencial para o desenvolvimento e manutenção dos ossos e dos dentes. Assume um papel primordial na manutenção dos níveis sanguíneos de cálcio e fósforo, que são necessários para a mineralização dos ossos, a contração muscular e a condução nervosa em todas as células do nosso organismo.
A vitamina D atua a nível intestinal para aumentar a absorção de cálcio e fósforo, nos ossos para aumentar a reabsorção destes minerais e nos rins para reduzir a sua perda pela urina.
Vitamina K2 – É fundamental para a produção e correto funcionamento da osteocalcina, uma proteína do osso que intervém na mineralização óssea. Alguns estudos sugerem que uma ingestão insuficiente de vitamina K2 pode contribuir para a diminuição da densidade mineral óssea e aumentar o risco de fraturas em idosos.
Zinco – É um constituinte dos cristais de hidroxiapatite e desempenha um papel no turnover ósseo. É igualmente fundamental para o correto funcionamento da enzima fosfatase alcalina, necessária para a mineralização óssea.
Sarcopenia
A sarcopenia é uma síndrome caracterizada pela perda progressiva e generalizada da força e massa muscular, que ocorre em consequência do envelhecimento e é responsável pelo prejuízo funcional que compromete autonomia de muitos idosos, deteriora a qualidade de vida e aumenta a mortalidade. Neste sentido, diversos estudos têm demonstrado que a atividade física (em particular o exercício de resistência) e intervenções nutricionais específicas podem melhorar a força e massa muscular no público sênior. As estratégias nutricionais têm o foco de utilizar alguns nutrientes com a capacidade de promover o anabolismo proteico muscular e/ou prevenir a perda muscular.
A suplementação baseada em alguns nutrientes pode auxiliar no processo de manutenção dos músculos:
Vitamina D – A vitamina D participa de diversos processos metabólicos do músculo, sendo a fraqueza muscular um sintoma típico associado à sua deficiência. A síntese de proteínas e o consequente crescimento de células musculares esqueléticas são ativados por receptores de vitamina D. Os estudos sugerem que os baixos níveis de vitamina D causam redução do processo de anabolismo muscular. Além disso, a deficiência de vitamina D está envolvida na diminuição da secreção de insulina e aumento da degradação muscular.
Aminoácidos – Os aminoácidos essenciais regulam diversos processos celulares, em particular, a taxa de síntese e degradação de proteínas. Essas evidências têm sido relacionadas particularmente para o aminoácido leucina. Um estudo comparou os efeitos de uma dose única de aminoácidos de cadeia ramificada (6,7 g) com diferentes quantidades de leucina (2,8 contra 1,7 g de leucina) sobre a síntese proteica pós-prandial em idosos. Os resultados encontrados apontam que os indivíduos suplementados com a dose mais elevada apresentaram um aumento significativo na síntese proteica em comparação com os indivíduos suplementados com uma dose mais baixa de leucina. Esses resultados sugerem que a suplementação de leucina tem potenciais efeitos sobre o metabolismo muscular em idosos e que há uma dose mínima que exerça esses efeitos. Até o momento, entretanto, não há evidências conclusivas de que a suplementação de leucina seja capaz de aumentar a massa muscular ou a força muscular em idosos.
A suplementação aliada ao acompanhamento de profissionais pode ser uma estratégia eficaz para uma fase senil mais saudável. O consumo estratégico de nutrientes pode diminuir consideravelmente a morbidade dos idosos, tornando-os ativos para práticas de exercícios e atividade relacionada a sua saúde física e mental.
Referências
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